domingo, 22 de julho de 2012

FLORA DEVASSA


Quem dera eu fosse uma árvore
Para me despir aos olhos da lua
Fazer amor com o sol em plena rua
E nas madrugadas frias
Sem pudor amanhecer nua

Quem dera eu fosse uma árvore
Para debaixo do céu azul verdejar
Desgalhando para se embelezar
Ser possuída pelo orvalho da noite.
Sem nunca sair do meu lugar

Quem dera eu fosse uma árvore
Para me embebedar com os raios solares
Ser para os pássaros seus lares
Em meus galhos fazerem amor
Cantando-os alegres em pares

Quem dera eu fosse uma árvore
Para o sorriso ser uma flor
De folhas, as roupas e o cobertor
Com o vento poder dançar
Sem fazer distinção da cor

Quem dera eu fosse uma árvore
Para com a terra deflorá
Minhas raízes em sua entranha penetrar
Gozar com todas minhas sementes
E em seu ventre germinar

Quem dera eu fosse uma árvore
Para da prisão humana fugir
Fazer o vegetar ser o existir
E Quando eu morrer
A terra meus filhos parir



LINO SAPO 

22/07/2012