quarta-feira, 23 de junho de 2010

INSANO VIVER

Rasgo-me em meu silêncio a procura de algo que me traga um remédio para a solidão. Solidão que não machuca em silêncio, mas que é o próprio silêncio se rasgando em devaneio. O meu vazio já está completo, não há como fazer-lo maior nem tão pouco menor.

As preces que me fazia ter coragem na infância, hoje me retratam um monstro libertado e muito mais assustador, e tenho medo. Já não posso me esconder em meu lençol. E muito menos esperar o sol nascer. A cada minuto o monstro se aproxima mais de mim, não posso me esconder, e entre tantos encontros e desencontros até a morte já me abandonou. Ela cansou de me esperar. E o som dos soluços de minhas madrugadas frias e amargadas pelas lágrimas incessantes de meus olhos entre adormecidos, já se confundem com o Cantar de um pardal, compassado pela cadência de meu coração enlouquecido.

Que saudade de quando era feto, a dor humana não me alcançava. Hoje vivo a lembrar do ontem, e me vejo forçado a disfarça que sou feliz, com meus sorrisos mascarados e insanos. Que pena que sou humano, sendo animal o mundo é melhor. Devo viver o irracional, maldito homem, Que sua carne come saboreando cada frepa entre seus dentes desenfreados. Duas, 605, 195 milhões parece pouco, contemos então seis bilhões, e mesmo assim continuo amargando a solidão. Solidão pura e verdadeira, parceira da razão e desmembrada da emoção. Emoção que destrói, mata e corroe. Emoção dos amores impossíveis, da verdade reprimida, dos desejos sentenciados, recluso, regenerado e liberto. Da vida castrada pela sociedade.....dade.... dade de longa idade.

Agarro-me ao não ser, não ser digno, justo. Isso muda e mata como absurdo. Quem dera a ideologia judaica cristã não houvesse triunfado. talvez meu sorriso fosse verdadeiro, e meus pés sentissem o calor da terra, e minhas costas não sentissem o fardo da vida. Maldito homem que produz Deus, e dele justifica seus interesses, os mesmo que não são os meus. Breve vida que um dia irá descarregar seu fardo no céu cintilante de azul, depois que a terra comer putrificada suas carnes. O homem volta a terra, a terra. O céu só presenciará.

A diferença de vê, fez meu sangue ficar frio e descoloriu. E o meu amor se tornou um produto de minha existência, que saboreio conforme a fome de mentir surja. Minto para todos e só assim sou verdadeiro para o mundo. A felicidade foi industrializada junto com os sonhos, E eu vivo obeso de tanta porcaria degustada. Morro em vida dez vezes por hora e me sepultam sistematicamente nessa cova tão gigante que chama de mundo. Mundo imundo.

Minha solidão pariu na caverna, é o mito. Que livre me acorrentou no meu próprio compreender. Fazendo-me sair da caverna de todos para minha própria caverna, onde aceno para quem vejo sem que eles percebam aonde cheguei. Migalhas de paixões me crucificam sem perdão, e da cruz desço sepultado em minhas desilusões. E mesmo mentindo cem vezes para mim, isso não se tornará verdadeiro, e a única verdade absoluta é que tudo é mentira, mentira, mentira. A mesma que me afogou na solidão. Vejo, no entanto, que a verdade não pode ser vivida, e de mentira não consigo viver. Então que me afogue a solidão. Tomarei até a última gota de sua essência, contemplando minha decadência e esse é meu insano viver.

LINOSAPO

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