terça-feira, 23 de agosto de 2011

QUIXÓ

Um espojeiro no fim do caminho.
Uma pedra, um quatro com três paus.
Cambão, tabuleta, vareta.
Isca na armadilha da morte.
O crepúsculo como cúmplice.
A fome da noite janta a vida.
O degustar, o quatro desfeito.
A pedra vira assassino e sepultura.
A comida traz a morte.
Na madrugada o bisaco o transporta.
Banho de cinza ou de água quente.
Cabeça, pés e mãos decepados.
O sol, o sal, a exposição.
Sai o cheiro, fica o gosto.
A comida traz a vida.

2 comentários:

  1. Esse poema é muito audiovisual. Acho um dos melhores da tua safra.
    Faz uma coletânea sobre o tema "VEREDASERTÃO" (ASSIM, JUNTO MESMO)

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  2. Olá, Menino Poeta!
    Onde estais? Visite-me!!!
    Olha, esse teu texto doeu em mim, porque retratou uma parte do meu viver... Lembrei das secas,do sofrimento por falta de políticas de Estado, e da fauna da Caatinga que morria para nos alimentarmos, sem contar, que parte desta fauna migra para bem longe. Achei seu texto excelente, porque retrata para quem conhece, essa realidade.
    Flores de mandacaru para você!

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