Minha cacimba secou mais uma vez
Os braços já não aguenta mais cavar
A última vaquinha bebeu, mas se engasgou
Morreu matando o que vivia a lhe matar
E minh`alma adormeceu pra não me ver chorar
O terreiro batido já se enfeitou de couro e ossos
Do meu gadinho que há tempo defuntou
Já não tem barragem, açude, rios ou poços
Apenas uma torrente de remoço ficou
Num assovio uma canção pra distanciar a dor
A tardinha entre tanta carcaça contemplo o que sobrou
Sob o trago da fumaça da piúba dum brejeiro
Alegra-me um relâmpago na barra quebrar
E como um sertanejo sofrido, mas guerreiro
Meu roçado em pensamento começo plantar
Com a enxada da esperança cavo o chão que tudo faz nascer
No matutar dos meus sonhos quero todo o sertão plantar
Plantarei bilhão, decilhão, vigesilhão de pingos dàguas
Pra quando eu começar a colher
Quando for no tempo da fartura
Quero todos os silos da terra encher
E a seca que a tudo consome eu possa erradicar.
E a assim, nunca mais no meu torrão ver, bicho de fome e cede morrer.
Lino-sapo
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