Ainda sois do tempo do preto e branco, mais branco do que preto. Chegaste com a fartura, crescesse sem frio, cheio de amigos e irmão, com uma cor amarronzada que te fazia parecer transparente, depois viraste negro sem nenhum preconceito e sem medo de perde o rabo que acabasse perdendo. Pra sentir o calor do sol, botasse para fora essa cabeça feia com uma grande boca, olhos espaçados bem redondos e visse o mundo, e por ele caminhasse sem pai, sem mãe, sem lar e sem destino. Trôpego e saltitante seguisse para as pragas e entre uma flor e outra tiraste teu alimento, e daquela coisinha preta e buchuda, viraste um carregador de leite, mijão e barrigudo.
Tua língua é eficiente, e a usas para ganhar a vida, e isso é bom e só porque talvez você faça o bem, muito te odeiam sem te entender. Pouco importar querer impressionar comendo brasas ou se inchando para amortecer as pancadas que te dão, todos podem te expulsar, chutando, outras vezes te salgando, eles não entendem que apesar de ser feio eis útil, e parece que tua feiúra esconde tua utilidade, e quando nada entendem te apresentam a vassoura. Não sois bem vindo, a não ser que se torne príncipe, és o antônimo da beleza e o mais simples adjetivo para o menosprezo, assumindo assim o último degrau da humilhação. Mesmo sem dizer nada, cozem tua boca, e pior ainda quando te expõe o coração e as tripas, e tudo quanto queres é se refrescar, cantar e provar como és romântico.
Sabendo que poucos te entendem, ainda causa admiração, te invejam por ser completo, entendes a terra e a água, conheces os rios , os lagos e em qualquer poça se acomoda com perfeição. Se a água assusta a muitos, tu se mostras como maestro que não desafina e nunca morres afogado. Curioso teu nome pequeno que muito até te apelhidão com um maior, e entre sapo e cururu, sois apenas mais um, que aparece como trapo vindo de rios e riachos, e num lugar remoto, distante te tudo que te causou dor, teu nome acrescentou. Diferenciando de capoeira a corredeira, ficaste em cachoeira a terra que te adotou, e hoje com muito orgulho, com teu nome o lugar o batizou. E cachoeira do sapo em reconhecimento te aclamou, e mostrou com simplicidade, que a ignorância, por aqui não se projetou.
Lino sapo
28/12/2005
Nenhum comentário:
Postar um comentário